Fonte: CBTRI
Entrevista com o treinador de triathlon Fábio Ramos, mais conhecido como Cuba,que foi divulgada no site da CBTRI e que nós descobrimos através do blog do nosso camarágua Ricardo Serravalle.
Fale-nos sobre o Projeto Triação.
O projeto foi criado em 2008, seguindo os caminhos do projeto Ação Tri que atua com crianças carentes e que hoje já são mais de 70. O projeto de alto rendimento foi uma ideia minha para poder dar continuidade quando essas crianças completarem 14 a 15 anos. A ideia inicial foi apoiar o atleta com casa, alimentação e treinamento mais especializado. No início foi difícil, pois quem bancava isso eram quatro pessoas, eu, Alberto Lopes (o Betão) e mais dois amigos triatletas. Hoje contamos com o apoio de uma empresa privada, a WELL PARK, que garante aos meninos além de casa e alimentação está proporcionando também os custos para as competições nacionais.
Hoje o Triação já colhe os frutos não é mesmo?
Atualmente apoiamos atletas de dois Estados: do Amazonas, os irmãos Jefferson e Jeremias e do Ceará com Evilásio. Eles eram atletas que estavam um pouco sem motivação. Para continuarem no esporte, os trouxemos e hoje já estamos colhendo bons frutos. Os irmãos, com pouco mais de um ano treinando, vêm evoluindo muito. Ambos terminaram no Brasileiro de standard, na elite, em terceiro e quarto do ranking. O Jeremias agora foi campeão pan-americano de aquathlon e os três ainda estão brigando entre eles pelo título de campeão da elite na Copa Brasil de Sprint. Isso proporcionou a eles ranking para bolsas de incentivo financeiro e bolsas para ingressar na faculdade em 2013.
E a sua convivência com os irmãos Jeremias e Jeferson. Vocês são bem amigos não é mesmo?
Os meninos são excelentes. Tiveram uma excelente criação, além de técnico somos muito amigos. Inclusive o Jeremias me chama de papai (risos). Os dois têm características que gosto muito: são muito dedicados aos treinos, querem crescer no esporte, além de serem muito humildes e talentosos.
Até onde acha que eles podem chegar?
Olha, eu sempre digo o seguinte: "chegaremos onde quisermos, basta lutar com amor e determinação". A vida de um atleta não é nada fácil. Ser um “alto rendimento” pior ainda, ainda mais quando se trata de um esporte tão complexo e que precisa de muita paciência. Tenho uma frase que digo sempre a eles: "Temos um só coração para três modalidades". Acho que podem chegar mais longe do que imaginam. Falo sempre isso a eles! Me dou como exemplo sempre, pois minha história de vida retrata o querer, com a determinação e a oportunidade. É semelhante a o que vivem hoje. Passo todos os dias isso a eles. Acredito muito neles.
Como se deu a sua ligação com o triathlon?
Era nadador de maratonas aquáticas até 2002, quando fui convidado pela Universidade de Cuba a integrar a seleção universitária de triathlon, como eu já nadava ficou mais fácil. Lá pude conhecer pessoas importantíssimas como o treinador da Seleção Cubana, Flavio Carmona, que hoje tenho como um grande amigo e que me orientou durante quatro anos que estive treinando em Cuba.
Tive excelentes experiências treinando com a seleção de Cuba. Em 2006 fui convidado pela federação cubana para ser auxiliar técnico do Flavio na preparação dos triatletas para o PAN de 2007 no Rio. Foi espetacular! Claro que tive que deixar os treinos de lado e foi aí que começou minha ligação como treinador. Foi um ano ajudando na preparação deles, aprendi muita coisa. Após o PAN, a universidade onde eu estudava me ofereceu uma especialização em triathlon e após feita a especialização trabalhei como professor voluntário por mais um ano nas disciplinas de treinamento esportivo, natação e triathlon na própria universidade. Foram seis anos de uma experiência inexplicável.
Por que o apelido "Cuba" no sobrenome?
Morei em Cuba durante seis anos e quando vinha à Bahia em alguma competição, vinha representando a universidade com o uniforme de Cuba. Logo, antigos amigos que antes me chamavam de TUBARÃO (apelido que tinha quando era nadador) passaram a me chamar de Cuba, Cubano, Fábio Cuba...e quando voltei definitivamente, me inseri no mercado de trabalho e montei uma assessoria esportiva de triathlon "TRIAÇÃO" e nela fui lembrado por todos por esse nome.
Qual foi a sua maior alegria no esporte?
Olha, sou um profissional muito feliz porque amo o que faço. Uma grande alegria que irei levar do esporte é tê-lo descoberto, pois graças ao esporte consegui mudar minha vida e estou fazendo muito para mudar a de outras crianças e jovens. Esporte é fantástico! Realmente tive algumas alegrias sim: ganhei alguns títulos quando era nadador. Fiz meu ex-atleta Fred Moraes campeão brasileiro na elite em 2011, fiz dois campeões estatuais; estou feliz agora com os resultados e a evolução dos meninos, mas acho que a grande alegria ainda está por vir. Estou subindo degrau por degrau para alcançá-la e estou certo que chegarei lá.
Como avalia a sua temporada de 2012?
Aprendi coisas importantes em 2012. Pude elaborar uma programação mais precisa, acho que é o dia a dia, os estudos, agora com o Mestrado que estou terminando em Ciência do Desporto e também participando de uma capacitação no México representando a CBTri. Cometi alguns erros e com esses erros acertei bastante. Os meninos entraram no ranking geral do Brasil que era uma das nossas metas e domingo passado cumprimos uma grande meta que era sair da água no Íbero Americano no primeiro pelotão e conseguimos, sinal de que as coisas estão no caminho certo.
O que é fundamental para trabalhar em um projeto social?
Para levar isso adiante é preciso vontade, amor pelo esporte e principalmente amor pelo próximo. No meu ver, acho que o projeto social é um grande caminho para a evolução no esporte. Temos muitas crianças e jovens que não têm uma oportunidade, não tem condições financeiras para iniciar no esporte. Dar continuidade a um projeto não é fácil. Vivo isso diariamente, muitas vezes tiro do bolso para complementar algo, mas, enfim, faço porque, graças a Deus, da mesma forma que tive oportunidade quero dar também. Tenho uma coisa em mim que sempre passo para as pessoas: "viemos ao mundo com uma missão, Deus vai te mostrando o rumo e você vai seguindo”. É o que está acontecendo! “Só tenho uma vida para poder realizar meus sonhos e ajudar às pessoas a realizarem, sendo assim: farei".
Se quiser acrescentar algo fique à vontade.
Acho que os técnicos poderiam ser mais valorizados. Muitos não conseguem ter dedicação exclusiva aos atletas, assim, precisam trabalhar com outras coisas. Infelizmente vivemos em um país capitalista e temos que ganhar dinheiro para sobreviver. Espero que com o Ciclo Olímpico as coisas mudem e assim possamos nos dedicar 100% ao rendimento dos nossos atletas. Gostaria de aproveitar para agradecer todo apoio que a WELL PARK e outras pessoas vêm dando ao projeto, agradecer a CBTri pelo apoio que vem dando e agradecer ao pronunciamento do presidente da entidade, Carlos Fróes, no congresso técnico em Vila Velha quando comentou sobre nosso projeto.
Um detalhe que fiquei muito feliz em ver o reconhecimento! Quero aproveitar também para dizer que nosso projeto vem crescendo, agora com o Marcelo Collet, paratriatleta, que vem melhorando a cada dia com o foco nas paraolimpíadas de 2016.
Para finalizar gostaria de deixar um recado para meus atletas: Jefferson, Jeremias, Evilásio, Marcelo Collet e Beatriz Dumet: "lutem sempre até o final e contem sempre comigo!"
Sou mais água!!! Uno somos e tudo soma no mais!!
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